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Internacional e Grêmio deixam rivalidade de lado para ajudar pessoas em situação de rua em Porto AlegreInternacional e Grêmio deixam rivalidade de lado para ajudar pessoas em situação de rua em Porto Alegre

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Publicado em 06/07/2019, Por G1/RS

Colorados e gremistas, lado a lado, sem rivalidade. Torcedores e dirigentes dos dois clubes de Porto Alegre trabalharam juntos nesta sexta-feira (5) por uma causa maior. O Ginásio Gigantinho foi aberto pelo Inter para acolher pessoas em situação de rua no dia mais frio do ano no Rio Grande do Sul, e o Grêmio encaminhou doações à sede do rival.

Na capital, a temperatura mínima ficou em 5ºC, com sensação de -0,9ºC. Sábado e domingo também ser de muito frio, conforme a previsão.

Trezentos colchonetes, com dois cobertores cada, foram espalhados pelo ginásio. O clube também se comprometeu a distribuir sopão e café da manhã para os acolhidos, em uma iniciativa em parceria com a prefeitura.

Para garantir alimentos a todos e, quem sabe, abrigar um número ainda maior de pessoas, o Inter pediu doações de alimentos e cobertores. E a torcida tricolor marcou presença.

Durante a tarde, dois ônibus do Grêmio deixaram a Arena carregados com 600 cobertores e mantimentos. Eles foram recebidos com aplausos no estádio do rival. Torcidas organizadas de Grêmio e Inter se uniram para organizar as doações.

A comunidade também se mobilizou. No total, a ação no Gigantinho arrecadou até a noite de sexta em torno de 1 mil kg de alimentos e 20 mil peças de roupas. Segundo a assessoria do Internacional, 280 pessoas foram acolhidas.

A ONG Cozinheiros do Bem se encarregou de preparar uma sopa e o café da manhã. "É a primeira vez que vi uma enxurrada tão grande de doações como hoje", diz o idealizador do projeto, Júlio Ritta.

"O mais bacana é a solidariedade vinda de todos os lados. Sem precisar de uma grande catástrofe. É só o frio, e que vai se repetir nos próximos dias", comenta. Para Ritta, a ação serve para mostrar que, se todos colaborarem, é possível ajudar a muitos. "Não pesa no bolso de ninguém. Isso é pra criar uma conscientização, pra mostrar pras pessoas que é possível. Se todos fizerem um pouco, hoje, quem tá aqui, não vai precisar meter a mão no lixo para comer", declara.

 

"Vou dormir mais tranquilo"

Henrique Luciano Correia da Silva passará a noite de sexta-feira (5) abrigado no Gigantinho. Ele mora na rua há 20 anos. "Tô cansado. Quero arrumar uma casa pra mim. Tenho uma filha, a Ana Clara, ela é pequenininha, tem três aninhos", conta.

Na noite de quinta-feira (4), ele precisou se enrolar em papelão para conseguir dormir. "Acordei 5 e pouco da manhã, não dormi mais, não consegui. Era muito frio", conta. "Vou dormir mais tranquilo".

Vander Carlos de Paula conta que dormiu no sereno, e acordou com as cobertas molhadas pelo sereno. Ele se abrigou em uma praça da cidade. "O peito me dói, tô meio mal do pulmão", conta.

Ele conta que tem duas filhas, de 12 e 10 anos, que moram em Uruguaiana. "O que eu tô passando aqui, se Deus quiser, elas nunca vão passar. É muito ruim. A gente passa trabalho, com frio e fome. Mas o mais brabo é a fome".

E Jeferson de Castro, que veio de Santa Maria em busca de um emprego de garçom, dormiu embaixo da marquise de uma revenda de pneus. "Foi terrível, congelante. Ainda bem que tinha uma manta", lamenta.

 

Ação semelhante em Rio Grande

No Sul do estado, o Sport Club São Paulo anunciou que disponibilizará as dependências do Estádio Aldo Dapuzzo, em Rio Grande, para moradores de rua durante a noite de sexta e a madrugada de sábado.

O clube conta com a ajuda de voluntários e de doações.

 

(FOTO: JOEL VARGAS/PMPA)