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Fantoches eletrônicos ajudam na aprendizagem de crianças com autismo no RSFantoches eletrônicos ajudam na aprendizagem de crianças com autismo no RS

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Publicado em 02/04/2019, Por G1/RS

Nesta terça-feira (2) é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Pensando nesse público, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) criaram fantoches eletrônicos, que estimulam a contação de histórias para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Diferente dos tradicionais brinquedos de pano, os fantoches, quando encostam nos "dedoches", aparelhos manipulados pelo professor, ativam uma projeção com animações e sons em uma tela.

Para a criação do projeto, grupos de áreas diferentes da UFRGS se uniram: o Laboratório de Robótica e Sistemas Embarcados, do Departamento de Sistemas de Automação e Energia (Delae) da Escola de Engenharia, e o núcleo de pesquisa Tecnologia em Educação para Inclusão e Aprendizagem em Sociedade (Teias), que é vinculado à Faculdade de Educação (Faced) e ao Centro de Novas Tecnologias na Educação (Cinted) da UFRGS.

Os fantoches contam com uma pequena mochila acoplada nas costas, onde fica uma placa controladora, chamada de Venturino, um leitor de sensor, uma bateria e um transmissor wi-fi.

“O Venturino é uma placa desenvolvida no laboratório da UFRGS. A placa é carregada com o programa e faz a leitura dos sensores. O nome Venturino é uma homenagem dos meus alunos, que usaram o meu sobrenome. A placa original se chama Arduino, software e hardware livres, fizemos então a nossa com algumas adaptações e melhorias”, explica o professor do Departamento de Sistemas de Automação e Energia, e membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), Renato Ventura Bayan Henriques.

A doutora em Informática na Educação Liliana Passerino conta que a ideia surgiu quando seu aluno de doutorado, o professor Roceli Lima, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), que na época estava estudando na UFRGS, disse que queria criar algum aplicativo tecnológico para trabalhar com autismo.

"Ele, então, experimentou algumas coisas eletrônicas. Mas, como eletrônica nunca foi a minha área, sou formada em computação, mas não em engenharia, eu disse: 'Eu consigo te orientar em toda parte da psicologia, na parte da construção de como deveria funcionar esse dispositivo para funcionar com as crianças, mas nós vamos precisar do apoio de alguém da área da eletrônica'. Aí, pesquisando na universidade, descobri o Renato. Foi uma parceria mesmo", relata.

Liliana conta que os fantoches são um projeto de baixo custo, e acessível para que as escolas públicas possam utilizar.

"Sempre trabalhamos com tecnologia gratuita, ou de muito baixo custo. Eu conheço a realidade das escolas, passo muito tempo do dia, vejo as dificuldades de acesso à internet, a gente sabe que para as nossas escolas públicas trabalharem com a tecnologia, precisa ser tecnologia de baixo custo".

"Ele é um fantoche comum que, dentro, tem um dispositivo eletrônico. Então, nós pegamos os próprios brinquedos das escolas, que é uma coisa muito boa, porque a escola não precisa pensar em comprar coisas", acrescenta Liliana.

A professora explica que, na contação de histórias, o dispositivo é colocado em um dos dedos do professor enquanto o fantoche fica na outra mão. Mas é possível também colocar os sensores em outros objetos, e projetar um filme, mensagens, dependendo da ideia pedagógica.

"É versátil, e pode ser usado em diferentes situações. Podemos colocar em uma tabela periódica e ensinar química, por exemplo".

A ideia do projeto, além de buscar estimular a oralidade e a imaginação das crianças, é desenvolver a inclusão.

"Sempre trabalhamos com a lógica da inclusão. A gente pensa que a criança [autista] está em uma sala de aula com outras crianças. Nossa perspectiva é olhar para a criança com autismo, para que ela se desenvolva, mas não excluir ninguém. Todo mundo brinca junto."

O projeto dos fantoches eletrônicos foi levado e testado na Colômbia por alunos do curso de Pedagogia, da faculdade de educação da UFRGS, em um intercâmbio financiado pela CAPES no âmbito do programa Abdias Nascimento. Os estudantes passaram 10 meses ensinando a aplicando a tecnologia em escolas e centros comunitários.

E a iniciativa já está estimulando os pesquisadores a pensarem em novas ideias com a tecnologia.

"Vamos fazer um tapete eletrônico, de brincar mesmo as crianças, ele terá sensores espalhados, e vai ter robôs agindo na posição conforme a criança levar o sensor de um lado para o outro. Talvez, em 2020, teremos o primeiro protótipo", relata.

(FOTO: GUSTAVO DIEHL/DIVULGAÇÃO)